segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Diálogo de uma só pessoa

Hoje você anda pela cidade e vê tanta coisa idiota que se sente muito mais idiota por achá-la tão atraente quando você passeia por ela. Você vê as ruas imundas, e imagina qual seria a razão que leva um cidadão a não agir como vc, que toma uma garrafa d' água e guarda a garrafa plástica pra jogar fora em casa ao invés de jogar debaixo da passarela na Praça do Correio, mas lembra também que você um dia já o fez, ou porque tinha muita pressa em se livrar daquilo, ou porque não pensou direito e não viu a lixeira bem na sua frente no ponto de ônibus, ou talvez porque pensou: "Ah, todo mundo joga"! Eu já fiz isso, e já pensei inúmeras dessas coisas.
Hoje você espera um ônibus na Avenida Tiradentes e tem que desviar das pessoas correndo pra alcançar suas conduções, abarrotadas quase sempre, e é como se você também não estivesse ali pra fazer o mesmo, quando aqueles que vem à frente esbarram em você e vc pensa: "Bando de retardados"! Oras! Você é uma parte desse bando de retardados urbanos que insistem em destruir seus pulmões com cigarros de palha, filtro ou maconha todos os dias, que insistem em sair do trabalho toda sexta-feira e curtir o happy hour no barzinho em frente o prédio da administração, e chegam em casa às 4 horas completamente tortos, esquecem a pasta e a mochila pro lado de fora e depois reclamam que perderam algumas mudas de roupa fashion que compraram à prazo na promoção da C&A.
Você olha tudo em volta e a cidade parece conversar com você. Ela fala com os sons do dia-a-dia, as buzinas, as freiadas, as batidas, os bueiros batendo quando os automóveis passam por cima, as pombas batendo asas e sujando toda a praça, os carros passando rápido.
Você anda pelo meio-fío como se brincasse com a possibilidade de um ônibus passar muito perto e carregar você, fazendo sua carne e sua pele fritarem no asfalto. Você não pensa, mas essa possibilidade te excita quase que sexualmente, e você se acha tão normal e ordinário que muitas vezes não presta atenção nas coisas que pensa de mórbido, nas coisas que acha estranho mas que também sente.
Você acha um absurdo o Renan ser absolvido, mas nunca nem ligou para o que estava acontecendo lá no meio do país, e devia, porque essas coisas te afetam, direta ou indiretamente. Você na verdade nem sabe do que ele foi acusado, nem sabe o que é que está em jogo, e provavelmente não vai nunca saber ou nem sequer procurar saber. Você não liga pra política. Ou acha que o Brasil já é um caso perdido, e que daqui à pouco nós vamos virar cubanos. E provavelmente, se isso vier a acontecer, você também é culpado disso.
Você realiza o seu trabalho em frente ao seu computador e posta no seu blog, e acha tão importante as coisas que diz, que nem sequer percebe, que você é um idiota alienado, que não consegue arrumar a sua vida, e que por isso, põe defeito em tudo o que realmente te importa e interessa. Você não passa de um mero executor de serviços variados e se chama de projetista só pra exigir algo melhor pra sua carreira futura, se é que você vai sair dessa empresa algum dia, o que você espera que não, afinal, é tão difícil arrumar um emprego hoje em dia.
Você deixa todas as coisas influirem na sua decisão e não é capaz de perceber que magoou uma das pessoas que mais te ama, por causa de uma besteira tão idiota, que se você tivesse se dado conta, que sua mãe é a pessoa que precisa sim saber da sua vida toda, não importa quanta vergonha você tenha de certas coisas, você poderia não sentir o dado sentimento de pena que te faz tão mal quando ela olha pra você enquanto você finge que dorme um sono justo e tranquilo.
Você podia sinceramente, nunca mais errar em coisas nas quais sempre erra, e sempre da um jeito de estragar as coisas boas que podem acontecer pra você e pras outras pessoas que fazem parte da sua vida.
Você tem que parar de ter medo de viver, e de fazer as coisas só por causa da possibilidade das coisas darem errado. Isso é burrice, é idiotice.
A cidade vai agradecer. As pessoas vão agradecer. Sua consciência vai agradecer também.
Pensa nisso, amigo! Por favor.

Um comentário:

Alle Nascimento disse...

Critica ou desabafo...?
Como vc diz ao final, pense nisso!