segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Ana III

ela desabrochou, como flôr. sentou no parapeito e de repente foi como se tivesse deixado o corpo, e saído de lá de dentro com asas.
voou entre os prédios e se perdeu horizonte adentro.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

ninguém sabe.

e o que fazer quando você sente que não pode fazer mais nada?
quando a vontade de sumir é maior que a possibilidade de se fazer isso?
quanto tempo se pode aguentar tendo o peito apertado, sufocado por todas essas questões (e pela saudade tão abrupta)?

eu não sei.

domingo, 24 de maio de 2009

volte sempre.

quando você acordar eu já estarei aqui, pensando em você.
antes mesmo de você ir dormir eu já pensava, e quando pegava no sono, enquanto você sonhava, quando estava no caminho pra casa também.
enquanto você fazia as unhas, durante sua aula de diagramação, enquanto você almoça, durante o banho quando chega em casa do trabalho.

eu sempre espero que você esteja aí e que nosso pensamento esteja ligado. que sejamos um único desejo em pensamento antes de sê-lo de fato...

segunda-feira, 11 de maio de 2009

exercício.

no caminho, pela cidade, eu só conseguia ver tristeza e miséria.
em cada rua suja do centro, em cada praça deserta. dentro dos olhos perdidos de cada garoto que me filava um cigarro, tomando-me o isqueiro com sorriso amigável e ameaçador ao mesmo tempo.
me sentia pequeno, não tanto quanto deveria pelas mazelas daquela gente inóspita que ali existe, bem como por toda a metrópole.
doía com intensidade maior a saudade de um momento, ainda tão fresco na memória, - e nos sentidos! - que para mim poderia durar a eternidade inteira, num loop grandioso.
ainda ardia na lembrança a imagem, em primeira pessoa, dos teus braços enroscados em mim, segurando a manga direita da minha camisa; sua cabeça recostada levemente no meu ombro esquerdo; seus cabelos (ah... tão lindos os seus cabelos!) brincando sutis de enroscar na minha barba rala, me fazendo sentir o cheiro do cigarro que fumei a noite toda, antes dali. os beijos, e todas as reações a eles. tua mão me apertando o braço quando mordi seu lábio inferior. todo querer, toda forma dele. as palavras engraçadas que vinham, toda vez que chegava um trem. tudo isso podia ficar congelado no tempo (e junto com ele).
por essas razões todas eu olho a cidade, fascinado, no meu delicioso exercício de recordar...


sábado, 9 de maio de 2009

par.

eu quero estar contigo.
em você.
por dentro, ao lado, e ao redor.
no teu encalço, na tua cola.
eu quero ser seu par.
pra gente somar e virar um.






lua cheia é foda!

quinta-feira, 7 de maio de 2009

a escolha #3

rondava minha cabeça uma nuvem de densos pensamentos. pensamentos estes que quanto mais entravam-me pelas ventas, mais faziam crescer uma esperança concreta dentro da mesma.
fui de encontro a ela, sem hesitação. pelo viés que me propus a seguir, era a coisa mais acertada a ser feita.
o cabelo curto, os lábios carnudos, as horas intermináveis passadas na frente de uma tela, e a sensação inócua de que tudo ao seu redor caía ao menor toque, me fizeram sentir que precisava mandá-la ao inferno de uma vez.
subi um pouco meus óculos, que já escorriam com o suor pelo nariz afunilado, mirei exatamente na têmpora esquerda (como de costume). o projétil atingiu seu alvo.
foi lindo. eu pude ver a vida se esvaindo e deixando vazio o corpo ali jogado.
mais um dia de propósito cumprido.
levanto, guardo o rifle. cedo ao sono recostado no sofá da sala.



segunda-feira, 4 de maio de 2009

lacuna.

e você sempre se vai. e é sempre a mesma lacuna de antes de você estar...








{vazio...}

terça-feira, 28 de abril de 2009

primeiro: andar.

olhava pra cada uma das estrelas no céu, relembrando de outras. vinte e três, mais ou menos, que podia desenhar se preciso, numa folha amassada dos cadernos que tinha.
parou por um momento pra soltar na fumaça todos os medos, ansiedades. depois voltou a olhá-las, desenhando na mente a silhueta de um amor.
sentou-se nos degraus da saída de casa, e ruminou mais uma forma inócua de jogar-se em tudo o que sentia naquele momento.
nesse pensamento, chegou à conclusão de que procurar algo não-nocivo seria imprudência ainda maior.
desfez-se da reflexão, como quem descarta uma gilete usada.
pôs-se a contar por quantos caminhos o coração já andara, e percebeu que sentir diferente assim não havia.
era maravilhoso sentir-se encaixado. inserido novamente no mundo, esse turbilhão de coisas reprimentes. mas agora notava que a vida lhe dava um presente maior. um propósito calmo. de se aproveitar.
sorriu.
levantou, chacoalhando os braços, como quem bate a poeira da calça, espreguiçou-se com os braços acima da cabeça.
queria viver para sempre esses dezenove dias em que fora tão feliz. e eles o seguiriam sempre, dentro do coração.




{e dentro de toda contradição, de todo anseio vago que me veio até hoje, digo que esse é o mais belo de todos!}


deixo ser. como será...


e quero que dure!

febre.

já se fazia noite alta.
o encontro se deu de súbito, inesperado, e quando percebi já estavamos ali atracados num beijo sedento.
minhas mãos não deixavam de agir por nenhum instante, trêmulas, nervosas, sempre buscando no corpo alheio algum tesouro escondido.
os lábios chocando-se, com energia, as línguas entremeadas, intermitentes, voluptuosamente rápidas em seus movimentos.
a respiração ofegante e o sussurro ao pé do ouvido a faziam estremecer copiosamente, contorcendo-se, ainda vestida da regata de alças, que deixavam transparecer os bicos entumescidos dos seios redondos.
Passei meus lábios, do beijo, para a bochecha, e continuei o caminho, até mordiscar de leve o lóbulo da orelha esquerda. Desci até o pescoço, sentindo o gosto sublime daquela pele, beijei-lhe os ombros e fui descendo pelo colo. retirei-lhe a camiseta e a arremessei pra trás, descendo e beijando-lhe a barriga, brincando com seu umbigo, subindo com a língua por entre o caminho de penugem clara e fina. Ao fim da subida me deparei com o par de seios, fartos o suficiente para caberem em minhas mãos. Aproximei os lábios do bico esquerdo e lambi, em movimentos circulares, chupando-o ao final e dando uma leve mordida. Repeti a sequencia de atos no seio direito, sentindo o corpo quente se contorcer sob o meu.
Me levantei um pouco e continuei beijando-lhe a boca carnuda e tenra.
a virei de costas, ainda mordendo de leve seu pescoço, e num movimento quase que sincronizado fui reclinando sobre ela.
com os braços apoiados na cabeceira ela deixou seus quadris levemente empinados, enquanto eu observava suas curvas.
me aproximei e coloquei os polegares entre as alças da lingerie e a pele morena, e a fiz deslizar pelas coxas macias. me ajoelhei e a acariciei, sentindo que cada roçar da minha pele na sua faziam as pernas bambearem.
não pude mais conter meu desejo febril e me lancei ao encontro de minha sina, fazendo lingua, pele, gozo e gemidos pulsarem dentro do quarto.