olhava pra cada uma das estrelas no céu, relembrando de outras. vinte e três, mais ou menos, que podia desenhar se preciso, numa folha amassada dos cadernos que tinha.
parou por um momento pra soltar na fumaça todos os medos, ansiedades. depois voltou a olhá-las, desenhando na mente a silhueta de um amor.
sentou-se nos degraus da saída de casa, e ruminou mais uma forma inócua de jogar-se em tudo o que sentia naquele momento.
nesse pensamento, chegou à conclusão de que procurar algo não-nocivo seria imprudência ainda maior.
desfez-se da reflexão, como quem descarta uma gilete usada.
pôs-se a contar por quantos caminhos o coração já andara, e percebeu que sentir diferente assim não havia.
era maravilhoso sentir-se encaixado. inserido novamente no mundo, esse turbilhão de coisas reprimentes. mas agora notava que a vida lhe dava um presente maior. um propósito calmo. de se aproveitar.
sorriu.
levantou, chacoalhando os braços, como quem bate a poeira da calça, espreguiçou-se com os braços acima da cabeça.
queria viver para sempre esses dezenove dias em que fora tão feliz. e eles o seguiriam sempre, dentro do coração.
{e dentro de toda contradição, de todo anseio vago que me veio até hoje, digo que esse é o mais belo de todos!}
deixo ser. como será...
e quero que dure!